Sobre a Felicidade

A felicidade está diretamente ligada a viver, de fato, o presente. Nada do bullshit de carpe diem que fez os romanos se afundarem no vinho, e que, alguns malucos desavisados tatuam no corpo, mesmo mantendo os mesmo hábitos fudidos de sempre.

Estou falando no sentido mais profundo de estar no tempo que é único, criado e gasto em um só momento. Morrendo no mesmo tempo que nasce. Como se fosse o fio da navalha mais afiada que jamais existiu. Mesmo tão pequeno e delicado, o presente é o único tempo que realmente existe. O passado é uma névoa de memórias que nunca vão voltar e o futuro, apenas suposições.

Quanto mais vivemos o presente, mais perto da felicidade nos encontramos, pois é quanto experimentamos o “estar vivo’. Na contramão, quando nos afastamos, entramos num estado de tupor e suspensão. Pensamos mais sobre o que passou e o que vai vir e entramos num mundo de simulações e suposições.

Não percebemos, mas estamos, mesmo sem saber, em uma constante busca pelo presente. Para mim, algumas situações deixam isso evidente. Por exemplo, quando viajamos (aliás, atividade cada vez mais desejada). Ao entrarmos num ambiente novo, em um lugar desconhecido, temos que tomar todas as decisões “banais”, desde o local aonde vamos dormir, passando por comer, passear até o simples conhecer de novas pessoas. Tudo isso nos leva ao presente, pois precisamos processar o mundo a nossa volta.

Outro comportamento que evidência essa busca, é a quantidade cada vez maior de consumo de drogas, como o álcool. Em uma análise mais minuciosa, a diminuição da nossa capacidade motora e de raciocínio, mesmo que de maneira negativa, força o corpo e a mente a se concentrar nas pequenas coisas do presente como falar corretamente e, em vários casos, conseguir andar! É um estado precário, mas a redução dos recursos te força a se ater ao presente, não viajando sobre passado ou futuro.

Por fim, ainda menos óbvio, mas altamente impactante, é a decisão do que fazer com a maior parte do nosso tempo desperto. Normalmente, chamamos de trabalho. Quando estamos em lugares ou funções nas quais tudo vira paisagem, nas quais você pode prever facilmente o que vai acontecer daqui há 5 anos, apesar do conforto no curto prazo, vamos nos tornando-o verdadeiros zumbis. Seres estranhos que nunca conseguem estar no mesmo espaço e tempo de maneira sincronizada. Sempre fisicamente em um lugar, mas mentalmente em outro.

O desafio e a imprevisibilidade são essenciais para ficarmos atentos e ativos, para sermos um pouco mais caçadores, sabendo que o alimento só virá com esforço e criatividade. Empresas que pensam nisso e criam as suas equipes baseadas na premissa do risco, entendem que a felicidade está ligada a viver o presente e, certamente, caminham para uma existência mais feliz.

Felicidade não se está, felicidade se é. Em graus diferentes.

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